Após um início de empreitada atribulado e dois anos de obras, a inauguração da Póvoa Arena parecia aproximar-se com o findar do ano de 2024. Ora, no final de Setembro, o Presidente da Câmara apontou a abertura deste equipamento para meados de 2025 — uma data cada vez mais próxima ao final de mandato.
Na tomada de posse do executivo, Aires Pereira elencou promessas várias e apresentou como aposta no âmbito do turismo a ‘nova centralidade que será criada a partir da Póvoa Arena, um equipamento (…) que se assumirá como o novo ponto turístico da cidade’. Ainda assim, chegamos ao encerramento de um ciclo autárquico, e as obras continuam — cumprir-se-á essa ‘centralidade’ na véspera de eleições?
A promessa de um espaço multiusos que sirva devidamente poveiras e poveiros assenta nos ideais de um espaço com ‘papel fundamental’ no combate à sazonalidade, e que ‘[dote] a cidade de um conjunto de mais-valias para a sustentabilidade económica’ — penoso é que o próprio projecto não inspire sustentabilidade económica em si mesmo, dada a previsão de que acabará por custar uma vez e meia do valor inicialmente previsto. Em 2023 foram gastos 4,2 milhões de euros nesta empreitada, parte de um total apontado de 9,5 milhões e que já se estica para algo acima dos 14 milhões! Não há inflação nos materiais de construção que justifique tamanha patinagem, tamanha derrapagem orçamental.
Ademais, foi anunciado que a gestão deste dispositivo ficará ao encargo do município, com uma programação assente em parcerias com ‘entidades nas mais diversas áreas’ para criar um ‘calendário de eventos (…) o mais diversificado possível’. Este tipo de gestão não faz senão lembrar o Cine-teatro Garrett, que carece ainda de programação diversificada, regular e de qualidade, e se preza pela ausência de um programador cultural — e o Bloco de Esquerda assume que esta situação estará fadada à repetição.
Orçamentos Municipais do atual executivo vivem de sucessivas promessas vãs e de cromos repetidos: é de notar que, para 2025, 3 das propostas para os serviços culturais e recreativos são repetidas, e para já só a Póvoa Arena avança! O Bloco de Esquerda denuncia a irresponsabilidade na gestão deste projecto (aliada a uma subvalorização dos dispositivos existentes), alertando que o ‘maior orçamento de sempre’ de nada serve, se as dotações orçamentais não se adequarem às necessidades.