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Recomendação pelas comemorações dos 50 anos do 25 de abril na Póvoa de Varzim

RECOMENDAÇÃO

PELAS COMEMORAÇÕES DOS 50 ANOS DO 25 DE ABRIL

Há 48 anos atrás, descobrimos a paixão e o amor pela Liberdade. Com ela vieram as suas duas irmãs, Igualdade e Fraternidade.  Demos as mãos e lançámo-nos à conquista da cidade sem muros, nem ameias, de que falava o Zeca, sonhámos com um futuro resplandecente, a “cidade prevista” de Drummond de Andrade, onde emergimos da noite e do silêncio e livres habitamos a substância do tempo, como proclamou a Sofia.

A ação militar desencadeada pelos capitães de Abril fez ruir a ditadura fascista do Estado Novo. Foi o fim da PIDE, da censura e da guerra colonial. Foram libertados os presos políticos, o parlamento e o poder local passaram a ser eleitos pela vontade popular.  Depois, foi um tempo de lutas para concretizar muitos dos anseios populares: o direito à habitação, à educação, criação do Serviço Nacional de Saúde, do salário mínimo nacional e das pensões de reforma, pela dignidade de quem trabalha.

A partir 24 de março, deste ano, o nosso país viveu mais dias em democracia do que em ditadura, foram 17499 dias, que a nossa memória coletiva não pode esquecer.

Tenhamos, pois, memória! Há décadas que nos tentam inculcar a ideia de que “não há alternativa”. Há décadas que nos tentam vender a pobreza, a austeridade, a sujeição inevitável.

E o que o 25 de Abril provou, em primeiro lugar, é que há sempre uma alternativa para um povo que toma nas suas mãos o seu destino.

E provou também, em segundo lugar, que há sempre os que, pé ante pé, pela calada, tentam fazer que voltemos ao redil em que nos querem cautos e submissos.

Tenhamos memória que as conquistas de Abril estão presentes hoje, na nossa vida.

O projeto político iniciado no 25 de Abril de 1974, alicerçado em políticas de igualdade, liberdade e fraternidade, deve continuar a ser a matriz sobre a qual tecemos a nossa vida coletiva, orientando a implementação de políticas públicas que garantam direitos iguais para todos, não deixando ninguém para trás

A lição que nos parece essencial tirar, evocando o 25 de Abril, é que ele nos mostrou que era possível. Que o futuro era o nosso futuro!

Dentro de menos de dois anos, comemoraremos os 50 anos do 25 de abril. É fundamental, que nós, enquanto sociedade, lembrar a história da resistência à ditadura e ao colonialismo, convocar a memória e a atualidade desses dias de Revolução, de transformação e de esperança de onde brotou a democracia portuguesa. Homenagear os que lutaram e tombaram nos combates contra a exploração, contra a opressão, contra a guerra colonial, ou, como então se proclamava, “pelo o Pão, pela Paz, pela Terra, pela Liberdade e pela Democracia”.

É evidenciar o 25 de abril como uma comemoração de luta que tem a sua plenitude na rua, espaço público e democrático, cuja participação cumpre com a exaltação da memória e o tributo a todos aqueles que se envolveram na luta contra o fascismo e a ditadura e se empenharam pela democracia social e laboral e pela implementação de um Estado social.

Não olhamos a democracia como uma herança a ser conservada, mas como uma tarefa para o presente. O futuro não há-de ser o passado, nem a perpétua repetição do presente. É agora tempo de fazer outro tempo.”

A Assembleia Municipal da Póvoa de Varzim, reunida em sessão ordinária em 28 de abril de 2022, Delibera:

- Recomendar ao Executivo municipal que inicie as comemorações dos 50 anos do 25 de abril, instigando a sociedade civil, à criação de uma comissão para a realização de colóquios e debates, concertos, teatro, exposições, cinema entre outras formas de celebração e homenagear todos os antifascistas no nosso concelho que lutaram por abril.