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Bloco recomenda que receita dos parquímetros reverta para a gratuidade dos transportes públicos

Hoje, entrou em vigor o novo Regulamento Municipal de Trânsito e Estacionamento da Póvoa de Varzim, aprovado na última Assembleia Municipal, que introduz mais parqueamento pago na cidade, concretamente na Avenida Santos Graça. 

Durante o século XX as cidades sofreram grandes mutações, muito centradas no crescimento desmedido de novas infraestruturas, de um boom de novos empreendimentos e completamente centrada no meio de transporte individual. Foi a época do alastramento das cidades como uma “mancha de óleo”. Esta política centrada no automóvel instigou à construção de novas vias de comunicação e ocupação do espaço público.

Os processos de urbanização foram alargados, ocupando territórios agrícolas e territórios com menor densidade, por exemplo a maioria dos hipermercados estão fora das cidades. A dispersão da cidade é causadora de uma menor biodiversidade, menor impermeabilização dos solos e transformação paisagista. Em média, 85% do espaço público, das cidades da União Europeia está destinado à mobilidade do automóvel.

Esta caracterização das cidades do século XX adequa-se perfeitamente à Póvoa de Varzim do Século XXI, com a contínua aposta na dispersão da cidade, na contínua aposta do transporte individual, em vez de uma real aposta nos transportes públicos, na mobilidade sustentável, como a pedonal e ciclável. 

É tempo de emergência climática e é nossa responsabilidade enquanto cidadãos e eleitos de criar propostas para a mitigação e adaptação às alterações climáticas.

O Bloco de Esquerda, através do eleito na Assembleia Municipal, Marco Mendonça, votou contra a proposta de regulamento, apesar de defendermos que a limitação de tempo de estacionamento é uma medida importante para retirar automóveis dos centros urbanos, mas o parqueamento pago tem de ser acompanhado de alternativas aos cidadãos e às cidadãs, através de  transportes públicos eficientes em horários e diversidade, de intervenção no espaço público, com vista a pedonalização de ruas, entre outras medidas de transformar as ruas seguras e agradáveis a toda a gente, introdução de uma aplicação móvel que permita o pagamento sem recurso a moedas, que garanta que os primeiros 10 minutos de estacionamento sejam grátis para as pessoas irem às compras, criar um sistema partilha de bicicletas e transporte gratuito entre o centro coordenador de transportes, a estação de metro e as praias.

Segundo os dados do IMOB de 2017, o automóvel é usado em 70% das deslocações dos habitantes do concelho da Póvoa de Varzim, 4.5% usa o autocarro, 19% anda a pé e apenas 2% usa a bicicleta diariamente para se deslocar.

Estes dados demonstram que há muito a fazer em termos de mobilidade no nosso concelho. Apesar da propaganda do executivo municipal afirmar que somos um "exemplo nacional na promoção dos modos suaves", os números falam por si. Urge a aplicação do Plano Mobilidade Urbana Sustentável.

Para alterar as estatísticas e incentivar a população a usar mais os transportes públicos e a bicicleta, o Bloco de Esquerda recomendou ao executivo municipal, na assembleia municipal, que o valor da receita arrecadada pelos parquímetros, seja destinada à gratuitidade dos transportes públicos, seguindo o exemplo de Cascais.