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Aprovado Voto de pesar pela morte de Isabel Lhano

VOTO DE PESAR

Falecimento de Isabel Lhano

A pintora, artista plástica e professora Isabel Lhano faleceu na madrugada deste domingo aos 70 anos, vítima de um aneurisma. Filha do também pintor Martins Lhano e irmã de Graça Martins, igualmente artista.

Feito o ensino secundário na Escola Soares dos Reis, rumou para a Faculdade de Belas Artes do Porto onde se licenciou em Pintura. Em 1971 e 1972 foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian. Por esses anos, já era socialmente ativa no movimento estudantil de resistência à ditadura. Enquanto estudante universitária, foi chumbada num exame ao qual apresentou uma pintura sobre “uma chacina dos soldados portugueses numa aldeia de Moçambique”. E chegou a ser presa pela PIDE por ter distribuído um comunicado contra a guerra colonial.

As suas primeiras memórias da sensação de injustiça social vinham já da escola primária, onde a sala de aula estava dividida em três partes, os pobres, remediados e ricos, e onde fez uma amiga foi castigada com a palmatória nas mãos cheias de frieiras por não ter roupas suficientes por causa da sua situação económica. Na secundária, com as amigas, desafiou a proibição das mulheres usarem calças, colocando-lhe saias por cima. Foi fundadora da organização feminista UMAR, esteve e vários movimentos contra a precariedade laboral.

Isabel Lhano, sempre teve uma forte ligação à nossa cidade e concelho onde foi professora e participou ativamente em inúmeras associações culturais e desportivas.

Este ano, comemorava tanto os 50 anos de carreira artística quanto os seus 70 anos. A efeméride deu azo a várias exposições, como a exposição antológica “Império da Beleza” que esteve exposta no Cine-Teatro Garrett, recentemente.

Numa das últimas pinturas que publicou na sua página de Facebook, fazia o balanço de um ano de “profunda desumanização” em que “mais uma vez a ganância e arrogância, os fanatismos religiosos e os fundamentalismos recrudesceram, fazendo eclodir invasões, guerras e o recente quase genocídio de um povo, para além do preocupante crescendo do anti-semitismo em alguns países”, manifestando a necessidade de continuar “a gritar pelo cessar fogo e desejar que a Paz impere contra a injustiça, intolerância e crueldade”.

Deste modo, a assembleia da união de freguesias da Póvoa de Varzim, Beiriz e Argivai, presta as mais sinceras condolências à sua família e amigos.