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Sessão pública – ainda há aqui tourada?

O BE realizou hoje na Biblioteca Municipal Rocha Peixoto uma sessão pública dedicada ao tema da tauromaquia. Com o título “Ainda há aqui tourada?” o evento teve como oradores o deputado do BE Jorge Campos, eleito pelo círculo do Porto, a activista e presidente da associação ANIMAL, Rita Silva, e Victor Pinto, coordenador do Bloco na Póvoa de Varzim e Vila do Conde.
Numa fase de abertura da sessão, Victor Pinto chamou a atenção para o facto de que a decisão recente da CMPVZ não pagar directamente os espectáculos tauromáquicos na Póvoa, apesar de interessante, continua a permitir efectivamente a realização das touradas, com a agravante de, na prática, ao cobrar pela realização destes espectáculos, a Câmara passa a ganhar dinheiro à custa do sofrimento dos animais, o que para os bloquistas é absolutamente inadmissível.
A reflexão sobre as razões filosóficas mais profundas da persistência das actividades tauromáquicas no país foi desenvolvida pelo professor e deputado Jorge Campos, que reafirmou a esperança de que tais actividades sejam, em breve, apenas uma nota do passado. No entanto, sublinha o perigo de refluxo que a contestação a este tipo de fenómenos pode sofrer nas sociedades actuais, e que os cidadãos são os primeiros interessados em que a luta não esmoreça, sob pena de que as conquistas obtidas possam facilmente ser revertidas. Reafirmou a ideia de que só uma cidadania activa e reivindicativa poderá ter força suficiente para acabar com este tipo de fenómenos socio-culturais indesejáveis. Aproveitou também para divulgar os vários projectos que o BE apresentou mais recentemente na Assembleia da República, com vista à protecção e dignificação dos animais e limitação das actividades ligadas à tauromaquia.


Rita Silva trouxe imensos dados interessantes acerca do financiamento público às touradas, que continua a existir, principalmente por parte das autarquias, nas várias localidades do país. Todos foram unânimes em identificar as transmissões televisivas no canal público como um aspecto altamente reprovável e que, na prática, apoia activamente a sobrevivência da tourada.
A sessão teve um período final de debate entre oradores e membros do público, principalmente poveiros que, além de reivindicarem a conversão da praça de touros num outro tipo de equipamento cultural, convergiu na opinião de que a continuidade das touradas na Póvoa de Varzim não faz qualquer sentido. A sessão terminou com a informação de que haverá uma manifestação contra as touradas no próximo dia 22 de Julho em frente à praça de touros poveira, momento em que um espectáculo de tortura animal será, mais uma vez, transmitido pela televisão pública.